quinta-feira, 10 de maio de 2012

Acordo bem cedinho e vou pro trampo emburrado
Meu grande sacrifício é me manter acordado
Ouço um Tiago Iorc, jazz contemporâneo pra acordar devagar
Depois mando um Seu Jorge, já começo a animar

Nesse caminho cumprimento quem olha pra mim
Zelador, gari e beldade. Háá, eu sou assim
Lá no trabalho eu me distraio e o tempo voa
De manhã geralmente só atendo coroa

Volto pra casa na hora do almoço, só pensando em dormir
Só de pensar em deitar eu já começo a sorrir
Dona Cida deixa o almoço pronto, é só jogar no prato
Feijão com arroz, bife e batata, esse aí eu logo arremato
Aquela conferida no face, pra ver quem me curtiu
"Olha só, aquela mina da facu, que passou e eu fiz fiu fiu"

Volto pro trabalho, mais tarde, aguento o tranco tranquilo
Sou mais prestativo se a cliente tiver poucos quilos
Hora passa e eu nem percebo, já é hora de partir
Volto pra casa e tomo café, pra facu eu vou seguir
Busão lotado, ponto aqui do lado, mas mesmo assim é complicado
Se o maluco olha muito pra mim, já o considero afeminado
Fico longe, procuro algum conhecido pra poder resenhar
Boi que o 77 é ligeiro, acho que o motô nem sabe frear

Chego na facu, de chinelo e bermuda, sem material
Prefiro escutar e absorver, pode me chamar de anormal
Alguns trabalhos chatinhos, muita pesquisa, mas a gente se vira
No intervalo resenha com os parceiros enquanto o ponteiro gira
Volto pra casa, mais tranquilo, mais um dia se foi
"É, pensei que fosse ser complicado, até que a prova foi boi"
Cabeça encostada no vidro do buso, ouvindo Michael Bublè
Termino o dia com um jazz suave, pra poder crer
Que a minha vida tá muito boa, assim do jeito que tá
Aos poucos vou vendo alguns pontos que posso melhorar
Deito a cabeça no travesseiro, não paro de pensar:
"vou dar o meu melhor no dia seguinte, logo que o Sol raiar"

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